PERDA DO REFERENCIAL
NO MUNDO CRISTÃO
Eis um artigo muito revelador e atual de Paulo Júnior, da Igreja Aliança do Calvário, de Franca, no interior paulista. O autor, apesar de jovem, como eu, tem procurado ser um expositor muito fiel à Palavra de Deus. Que ele possa se manter assim e não venha se desviar, no futuro, como fizeram Edir Macedo, Wellington da Costa, Ricardo Godin e tantos outros que perverteram a Palavra do Senhor para agradarem seus instintos egoístas.
* * *
Juízes
2.10 – “E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra
geração após ela se levantou, que não conhecia ao SENHOR, nem tampouco a obra
que ele fizera a Israel”.
Esta
passagem do livro de Juízes relata o tempo no qual a nação de Israel já havia
entrado na Terra Prometida sob a liderança de Josué, havia expulsado de lá os
Cananeus, havia tomado as fortalezas de Jericó e Ai e estava estabelecida na
terra. Josué já havia renovado a aliança com o povo (Js. 24. 1-28).
Após
todas essas conquistas, Josué vem a falecer (Js. 24. 29). Pouco depois, se
levantou outra geração, que está descrita no versículo 10 (Jz. 2.10). Era uma
geração diferente da geração de Josué.
A
Bíblia relata que “se levantou uma geração que não conhecia ao Senhor, nem
tampouco a obra que ele fizera a Israel”.
Foi
uma geração apóstata, que não possuía aliança com Deus, nem compromisso com sua
Palavra (com sua Lei). E esta geração fez o que “era mal aos olhos do Senhor” e
serviu aos baalins (Js. 2.11), isto é, Israel estava seguindo seus próprios
deleites, a sua vontade, andando debaixo de uma ‘justiça própria’ e adorando
deuses pagãos.
É
interessante notar que na geração atual da ‘Igreja Moderna’ estamos vivenciando
a mesma coisa: um povo que não conhece a Deus, nem a sua grandiosa obra.
Temos
contemplado um evangelho fraco, diluído, que beneficia a carne, que não condena
o pecado, que não regenera e transforma o pecador. Dia após dia vemos cristãos
preocupados com as ‘promessas’ (benefícios, ‘Teologia da Prosperidade’), que
apresentam um Deus que só satisfaz o interesse material: carros, casas, melhor
emprego, melhor salário...
...procuram
a Igreja e a fé para satisfazerem todos os seus desejos terrenos...
Em
alguns ministérios o alvo é o luxo e conforto. Dizem que “o verdadeiro cristão
tem que ser próspero financeiramente”.
A
máxima desses ministérios é: “como pode um filho de pai rico ser pobre?”, pois
dizem que por Deus ser nosso Pai, e ser dono do ouro e da prata (Ag. 2.8),
devemos ser ricos.
Há
também as curas. Muitos buscam obter curas, receber milagres, ter alívios
imediatos no seu corpo e tantos outros benefícios que Deus possa trazer. É esse
o conhecimento da geração atual de Deus: algo de bom que Deus possa fazer por
elas, seja o que for. E nessa busca, procuram a Igreja e a fé para satisfazerem
todos os seus desejos terrenos, e não para adquirirem conhecimento de Deus, da
sua Pessoa e do Seu caráter.
Os
tais não crescem em santificação e comunhão pessoal com Deus, através de uma
vida profunda de oração, agindo assim não se conformam à imagem do Seu Filho
Jesus Cristo (Rm. 8.29), não crescem ‘de glória em glória’ à Sua semelhança
(2Co. 3.18), tampouco são participantes da Sua natureza divina (2Pe. 1.4).
Por
isso se diz desta ‘geração cristã’ que também não conhece “a obra que Ele
fizera a Israel”, porque atualmente não há na Igreja conhecimento bíblico,
conhecimento dos atributos de Deus, do Seu caráter, justiça, juízo, amor,
misericórdia e graça; não há entendimento de como Ele aplicou essas coisas no
transcorrer de toda Escritura, mostrando-se o Deus assombroso, terrível, justo
e perfeito que é.
Esse
é o retrato da geração atual, semelhante à geração dos ‘dias dos Juízes’.
Isso
é um fato, e nós não podemos ignorar essa verdade explícita do ‘evangelho
moderno’: é assim que a maioria dos cristãos têm vivido, sem conhecimento das
obras de Deus.
A
falta de referencial é a causa...
Mas
eu quero apresentar a maior causa disso ter ocorrido. Ela está descrita em
Juízes 2.8: “Faleceu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor...”
Josué,
que foi o sucessor de Moisés, era um dos maiores homens do Antigo Testamento,
um servo de Deus com inúmeras qualidades, um homem de aliança, liderança,
respeito, consagração, que expressava autoridade, santidade, zelo com a Lei de
Deus e comunhão profunda com Ele.
Josué
era o referencial daquela geração, o condutor, o responsável pela vida
espiritual de Israel. Com a morte dele, Israel perdeu o referencial e a
liderança espiritual que possuía, através da pessoa de Josué. Por conseguinte,
a nação que se levantou, sem esse grande referencial, começou a se desviar e
perder os conceitos espirituais: transgredindo a Lei, servindo a outros deuses
e vivendo de maneira iníqua, até provocar a ira do Senhor. Esse foi o grande
fator do declínio de Israel.
E
hoje, na nossa geração, isso não é diferente. A razão pela qual o Cristianismo
atual, o padrão de vida espiritual dos cristãos e o ‘evangelho’ que eles
professam estar como está, é a falta de referenciais.
O
que vemos são líderes ensinando sobre prosperidade financeira e ‘status’,
ensinando a conquista de bens na Terra, utilizando até o exemplo do próprio
Josué, que era um conquistador, para ensinarem que devemos “conquistar tudo que
pudermos em âmbito material e terreno”.
Outros
referenciais da atualidade são os ‘curandeiros’ e ‘milagreiros’, que são
ovacionados pelos seus ‘supostos milagres’ e tidos como homens de Deus apenas
por seus milagres’.
Há
ainda os referenciais da música, reputados como homens de Deus por ajuntarem as
massas, por terem a melhor tecnologia audiovisual e comporem melodias
extremamente alegres: são os ‘pop stars gospel’ atuais. O que os define como
homens de Deus são seus talentos e o número de pessoas que alcançam, mas não o
seu caráter ou sua devoção pessoal a Deus.
A
maioria desses líderes não pauta seus ministérios exclusivamente na Palavra do
Senhor, nem levam os cristãos a crescerem no ensino bíblico, na vida de oração,
na santificação e na regeneração do seu caráter.
Esse
é o tipo de referenciais que possuímos hoje, que representam o modelo de
liderança atual, sendo os responsáveis por conduzir a Igreja atual na ‘graça de
Deus’.
Se
você notar, no Antigo Testamento, a nação de Israel, o povo de Deus, sempre
refletia o seu altar: quando o altar do Senhor estava santificado, Israel
prosperava, haviam colheitas e paz.
Contudo,
quando o altar estava corrompido por postes, ídolos e outros deuses, a nação
toda perecia, haviam secas e fomes, e Israel perdia suas batalhas contra os
inimigos.
Então,
concluímos que o estado de declínio espiritual dos cristãos é causado pela
corrupção do altar, decorrente da desobediência dos seus sacerdotes à Palavra
de Deus, levando a sequidão espiritual, a falta de colheita dos frutos do
Espírito e a derrota na batalha espiritual contra as hostes do inferno, criando
uma geração débil e fraca, que não tem conhecimento profundo de Deus, nem da
sua poderosa obra que fizera e ainda continua fazendo em corações sinceros e
tementes a Ele.
O nosso referencial é Jesus Cristo...
Mas
você deve estar pensando: na nova aliança, no tempo da graça, o nosso
referencial é Jesus Cristo, pois está escrito: “Olhando para Jesus, autor e
consumador da fé...” (Hb. 12.2).
Isso
é correto e essa é a única maneira de você se salvar desta geração corrupta!
Você deve atentar somente às Escrituras.
Entretanto,
Deus sempre colocou grandes homens para conduzir seu povo e levá-lo a crescer
em santidade. Porque sabia (e sabe) ser necessário que hajam homens aptos a
conduzir seu povo. Um grande exemplo de tal verdade no Novo Testamento foi o
apóstolo Paulo. A sua liderança autêntica e zelosa foi um grande referencial
para milhares de cristãos, ao ponto dele escrever: “Sede meus imitadores como
eu sou de Cristo” (1Co. 11.1).
E
o apóstolo continua até hoje sendo um modelo de liderança a ser imitado: na sua
devoção e reverência a Deus, nas disciplinas que aplicava, no profundo zelo com
a Igreja do Deus vivo, nas dores, aflições e perseguições que padecia pelo
Evangelho. Um homem que ‘deveria’ ser o modelo para qualquer líder deste tempo.
Porém,
se isso não tem ocorrido em nosso meio, você deve pautar toda a sua vida cristã
nas Escrituras, seja ela seu guia, alimento e proteção, pois a Bíblia diz:
“Examine-se, pois, o homem a si mesmo...” (1Co. 11.28).
Examine
a sua vida à luz das Escrituras: tudo que diga acerca de como ser um cristão
aprovado por Deus, sobre como deve ser a sua conduta na sociedade, na igreja e
no ministério. Atente para cada detalhe que está nos mandamentos, esforce-se
para cumpri-los, conheça a Deus e o Seu caráter – que estão revelados na Bíblia
– e você também conhecerá a obra que Ele fez e ainda faz.
Creio
haver, ainda que em pequeno número, alguns referenciais vivos, que pregam e
escrevem a verdade, procure saber também deles, pois a Palavra diz: “Melhor é
serem dois do que um. Porque se um cair, o outro levanta seu companheiro...”
(Ec. 4.9-10).
E
este que deve estar conosco, o nosso ‘companheiro’, deve ser um bom referencial
cristão.
Sobretudo,
como eu disse anteriormente, olhe para Jesus, fixe seus olhos, sua fé e sua
confiança absoluta Nele; pois Ele jamais irá te confundir, errar com você ou te
deixar, porque através da Sua Palavra Ele te fará um cristão santificado,
transformado e, quem sabe, preparado para o ministério, te sustentando, até a
Sua volta. Ele é, absolutamente, o melhor referencial que já existiu e ainda
existe!
Paulo Júnior é membro da Igreja Aliança do Calvário, Franca / SP
www.aliancadocalvario.com
www.defesadoevangelho.com.br
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